
Correspondente Jurídico e Inteligência Artificial: Por que o Serviço do Advogado Correspondente Ainda é Essencial na Era da IA
Nos últimos anos, o avanço tecnológico vem revolucionando diversos setores e integrando cada vez mais suas atividades e processos ao universo digital. No Direito, essa realidade não é muito diferente, onde ferramentas como a inteligência artificial são amplamente adotadas para simplificar diferentes aspectos do cotidiano jurídico. Apesar disso, o papel do correspondente jurídico continua sendo relevante para manter o bom desempenho em uma série de atividades na Justiça.
Por mais que tecnologias como IA tragam mais agilidade e eficiência aos processos e demandas jurídicas, o serviço do advogado correspondente ainda é indispensável, sobretudo em se tratando de diligencias presenciais, sensibilidade para tratar as particularidades de cada caso e a confiança que somente o serviço humano consegue oferecer.
Por isso, mais do que nunca, discutir a relação entre correspondente jurídico e inteligência artificial é importante. Afinal, esse é um ponto que coloca em evidência a necessidade de haver um equilíbrio entre inovação e a presença humana no setor jurídico.
Acompanhe conosco essa leitura e entenda por que o advogado correspondente continua sendo essencial, mesmo diante dos avanços tecnológicos ocorridos na Era Digital.
O que é um correspondente jurídico?

O correspondente jurídico consiste em um profissional da área do Direito que atua na comarca onde um determinado processo está tramitando em nome de um advogado principal, escritório de advocacia ou empresa.
Seu papel basicamente consiste em oferecer suporte confiável, agilizar procedimentos e otimizar sua atuação legal, exercendo funções que incluem:
Despachos com juízes e desembargadores
Essa é uma atividade necessária e normalmente desenvolvida pelo correspondente jurídico em casos mais urgentes. Seu papel nesse caso consiste basicamente em ir ao gabinete de magistrados para esclarecer pontos relacionados as manifestações escritas, bem como efetuar pedidos de gratuidade de justiça, homologar acordos, entre outras ações que exigem um contato direto com juízes e desembargadores.
Diligências judiciais e extrajudiciais
O correspondente jurídico também desempenha um papel importante apoiando na execução de atividades necessárias para o seguimento de determinados processos. Desse modo, esse profissional realiza ações como verificação de petições, obtenção de documentos e certidões em cartórios, secretarias e outros lugares, avisos de mandados de intimação, assim como em outras atividades que requerem presença física.
Audiências
Normalmente, o advogado correspondente também atua apoiando profissionais e escritórios em audiências presenciais que são efetuadas em diferentes localidades do país. Nesse caso, o papel do profissional se baseia unicamente em garantir que os processos corram dentro do prazo devido, evitando contratempos que possam adiar as audiências e prejudicar seus clientes.
Outras funções
Além das atividades descritas acima, o correspondente jurídico também realiza outras atividades, como por exemplo:
- Protocolar documentos em escritórios e órgãos públicos
- Emitir guias para o profissional, escritório ou empresa que o contratou
- Acompanhar o andamento dos processos dando o suporte necessário para seu contratante
- Extrair cópias de autos processuais
Todas essas atividades são indispensáveis para advogados e escritórios de advocacia que visam oferecer mais agilidade, praticidade e eficiência no atendimento a clientes, independentemente de onde estejam localizados. Nesse contexto, o correspondente jurídico possui um papel importante, atuando como o elo entre o processo em tramitação e a parte interessada, esteja ela em outra cidade ou estado.
A ascensão da inteligência artificial no setor jurídico
É inegável que os últimos anos foram marcados por um avanço crescente das ferramentas digitais no setor jurídico. Tecnologias como jurimetria, automação de processos, chatbots jurídicos e inteligência artificial vem ganhando cada vez mais espaço nos tribunais e escritórios de advocacia. Não por acaso, a adoção de IA por advogados na prática jurídica vem crescendo, conforme aponta uma pesquisa da American Bar Association.
Esse crescimento é impulsionado sobretudo pelos ganhos que essas inovações oferecem como melhoria na gestão de tempo, redução de custos operacionais e ganhos de eficiência.
Contudo, mesmo tornando o fluxo de trabalho mais ágil e padronizado, existem demandas aos quais a inteligência artificial ainda apresenta limitações importantes, especialmente envolvendo questões como adaptabilidade, julgamento situacional e atuação presencial. É justamente nesse ponto onde o papel do correspondente jurídico se faz tão necessário.
Por que o correspondente jurídico ainda é essencial na era da IA?

Ainda que os avanços da inteligência artificial tenham promovido ganhos substanciais na prática jurídica, existem demandas do sistema jurídico que continuam necessitando de ações humanas. Nesse sentido, a presença do advogado correspondente faz toda diferença.
Presença física e representação local
Mesmo na era digital, onde boa parte dos processos e audiências migraram para o virtual, existem casos onde as audiências presenciais ainda são obrigatórias ou necessárias. É o caso, por exemplo, de processos que necessitam de provas orais, ou da apresentação de testemunhas e depoimentos presenciais. Nesse caso, ter um representante legal em campo, assegura ao cliente uma defesa mais ativa, sendo esta uma atribuição que nenhuma tecnologia ainda é capaz de executar.
Além disso, também há atividades que integram o cotidiano jurídico onde somente um corresponde jurídico pode realizar, como retirar alvarás e outras documentações em fóruns, negociar presencialmente em cartórios, entre outras.
Essas atividades também são importantes para o andamento do processo e o advogado correspondente é quem está apto a executar, se tornando dessa maneira o “braço direito” de advogados e escritórios, quando os mesmos precisam ser feitos em caráter de urgência ou em localidades distantes.
Interpretação de textos jurídicos
Embora a inteligência artificial venha apresentando avanços em sua linguagem natural, essa é uma tecnologia que ainda possui limitações de interpretação subjetiva e dificuldade para analisar as nuances de um processo jurídico.
Por outro lado, o advogado correspondente consegue compreender e interpretar de maneira mais assertiva todo o contexto em que cada caso está inserido, desde os magistrados envolvidos, até a postura das partes. Assim, com base nessas informações, esse profissional consegue desenvolver ações estratégicas que podem impactar diretamente no resultado das audiências, ampliando as chances de sucesso de seus clientes.
Flexibilidade em imprevistos
No meio jurídico, assim como em várias outras áreas, a ocorrência de imprevistos é algo comum. Seja mudança de horário de audiência, exigência de documentação extra, indeferimento de protocolo por falhas pequenas, o fato é que contratempos como esses fazem parte da rotina em escritórios de advocacia.
Nesse contexto, contar com um correspondente jurídico é fundamental, visto que esse profissional sabe exatamente como administrar essas situações e se adaptar para resolver o problema da melhor forma possível.
Atualização de sistemas
Mesmo com o avanço da digitalização, existem comarcas jurídicas, especialmente as menores, onde os sistemas e atividades ainda são executados de forma manual ou híbrida. Desse modo, a presença de um correspondente jurídico é essencial para assegurar que todos os processos e atualizações sejam realizados dentro do prazo e adotando os procedimentos necessários.
Relacionamento interpessoal
Apesar da comodidade que novas tecnologias trazem ao cotidiano jurídico a atuação humana ainda se faz necessária, sobretudo nas interações, criando vínculos, empatia e otimizando a reputação de advogados, juízes e demais agentes do Direito.
O correspondente jurídico é quem está à frente das ações, atuando em nome de um advogado ou empresa, mas com sua presença física, ética e credibilidade nas mais diferentes comarcas. E essa atuação humana faz toda a diferença, sendo uma parte importante na composição de relações e parcerias que são formadas no decorrer de toda prática jurídica.
A confiança como fator-chave no papel do correspondente jurídico
No âmbito jurídico, existem alguns fatores que a inteligência artificial não consegue replicar e uma delas é o quesito confiança. Advogados e escritórios precisam estabelecer um elo de confiança com seus clientes e, nesse contexto, a presença humana de um correspondente jurídico ajuda a trazer mais segurança e promover uma comunicação mais direta com as partes envolvidas nos processos.
Além disso, esse profissional também conta com um vasto conhecimento sobre os bastidores dos fóruns. Ele também sabe quais contatos e ações precisa ter para agilizar processos, quais magistrados são mais acessíveis e até como proceder em cada comarca visando sempre o melhor para seus clientes.
Esses detalhes sem dúvida são um diferencial para o sucesso de uma diligência e isso até o momento os recursos tecnológicos como a IA não conseguem entregar com precisão.
Correspondente jurídico e inteligência artificial: uma relação de complementaridade

Não há dúvidas de que as inovações tecnológicas e a digitalização trazem benefícios expressivos para o Direito e definitivamente veio para ficar. Mas, também é inegável a importância do correspondente jurídico no desenvolvimento de inúmeras práticas nesse meio.
Portanto, o melhor caminho para quem busca potencializar seus resultados é não visualizar o correspondente jurídico e inteligência artificial como duas frentes inimigas, mas como aliados estratégicos, que devem atuar em conjunto, formando uma relação de complementaridade.
Ou seja, é possível utilizar as tecnologias baseadas em IA para agilizar processos internos, gerenciar dados e produzir documentos. Enquanto isso, o correspondente jurídico pode realizar atividades de campo, dando seguimento a processos com eficiência e humanizando os serviços prestados na advocacia.
Além disso, a relação entre o correspondente jurídico e inteligência artificial pode ser proveitosa de várias outras formas, como:
- Sistemas automatizados com ia ajudam a distribuir diligencias entre os correspondentes jurídicos com mais agilidade
- A gestão de tarefas entre escritórios e seus correspondentes podem ser otimizados com softwares de IA
- Advogados correspondentes podem usar relatórios gerados por IA para direcionar suas ações na diligência e melhorar sua atuação
- Recursos de IA podem apoiar correspondentes na revisão de petições, elaboração de argumentos e outras demandas, levando a um ganho expressivo de tempo e qualidade em seu trabalho.
Em meio a Era da digitalização, a tendência é que cada vez mais diferentes setores se tornem híbridos e com o Direito não é diferente. Combinar inteligência artificial com atuação presencial estratégica de um correspondente jurídico é crucial, sendo essa abordagem ainda mais valorizada no presente e futuro da advocacia.